segunda-feira, 16 de maio de 2011

Troca Troca

Troca Troca

Uma universidade costuma reunir gente de todas as tribos e de vários lugares. Nerds, patricinhas, metaleiros, bichos-grilos, CDFs e toda sorte de pessoas reunidas num templo de conhecimento e reflexão. E, sejamos francos, de festa e azaração. A presença nos barzinhos é tão assídua quanto nas salas de aula. Quando cursei minha graduação conheci um sujeito que me ensinou uma lição importante.

Rapaz novo, vindo de outro município, recém-instalado em Blumenau e maravilhado com as belezas da cidade. Corrijo: o garoto estava muito mais interessado na beleza das garotas da cidade. Estava abobalhado, com aquela cara de lobo de desenho animado, uivando para cada rabo-de-saia que lhe passasse às vistas.

Muito do namorador, caiu na paquera feito cachorro atrás de raposa. Tentou uma, tentou duas, tentou três. Mas chegava final da noite e o galã não tinha saído do zero a zero. Não se conformava. Semana vai, semana vem, e o sujeito não emplacava uma bitoquinha sequer. Estava desesperado, não entendia o que estava acontecendo. Era boa pinta, bom de papo, tinha uma boa grana. Mas não tinha jeito. A popularidade do cidadão continuava caindo. Para minha surpresa, ele bolou uma solução bastante inusitada: resolveu mudar de nome. Ele tinha um nome meio esquisito e jurava que por causa disso não conseguia conquistar as meninas. Pesquisou um pouco e escolheu um que estava bem na moda, vindo lá dos states. Acertou a papelada e, de nome novo, voltou à luta (ou à caça, nesse caso).

Mas não teve jeito. Nada de o cidadão conquistar os corações das garotas. Mesmo com o novo nome, não havia maneira de alguém se interessar por ele. Depois de novos e recorrentes fracassos, chegou à conclusão que o motivo de sua falta de sorte só poderiam ser os amigos. Tentamos alertá-lo. Quem sabe devesse mudar de atitude, achar um novo discurso, mudar realmente. Mas não, ele insistia em manter o mesmo discurso e as mesmas atitudes. Estava determinado. Trocaria a nossa companhia para se unir a outros amigos. E, por via das dúvidas, iria mudar de nome mais uma vez, afinal, o atual já não estava dando muito certo mesmo.

Com o rompimento, não sei que fim levou esse colega, mas uma lição ele me deixou. Se você não mudar o discurso e, principalmente a atitude, de nada vai adiantar mudar de nome ou se unir a esses ou àqueles amigos na esperança de que as pessoas se sintam atraídas por você. Pensando nisso, bem que alguns dos nossos estimados representantes também poderiam levar um papo com esse meu colega.

* Crônica originalmente publicada no Jornal de Santa Catarina, edição de 12 de maio de 2011.

Um comentário:

Fábio Ricardo disse...

E eu ainda pensava que quem andava escrevendo sobre política era eu...