sexta-feira, 28 de junho de 2013

Duas feiras e uma carência


Há umas semanas peguei o carro e resolvi aproveitar o fim de semana ensolarado para visitar as feiras do livro de Timbó e Jaraguá do Sul. Saí de Blumenau e, como de costume, me perdi mais uma vez em Timbó antes de encontrar a praça onde estava feira. Não que tenha sido muito complicado, é uma tradição minha perder-me pelas ruas de Timbó. Tradição que não pretendo manter, mas tem sido difícil evitar. De qualquer forma, a feira de Timbó opta pelo formato de Feira de Rua, com as tendas montadas na praça. Como esse ano não me inteirei das programação das feiras, fiz uma visita despretensiosa e sem planos. Cheguei após os painéis/palestras terem terminado. Ainda haviam alguns autores reunidos em um canto — identifiquei Alcides Buss, os demais não reconheci — mas não havia uma programação ocorrendo no momento. A estrutura me pareceu bastante adequada. À entrada passei pelo que parecia o núcleo da feira. Um corredor principal ladeado em toda a sua extensão por estandes de sebos e livrarias, expondo e comercializando livros novos e usados. Os preços ao meu ver variaram de próximos aos valores de livrarias a grandes pechinchas, encontrando alguns bons livros (em bom estado) a partir de R$ 2,00. Pareceu-me haver um certo equilíbrio na oferta entre a literatura infantil e a adulta, com um número razoável de crianças que também circulava acompanhadas dos pais. Ao fundo desse corredor, uma área perpendicular abrigava um auditório e o espaço de alimentação. Ambos bem dimensionados e dispostos. Uma detalhe que pareceu não funcionar na feira de Timbó foi o Troca-Troca (ou algo que o valha, não lembro o nome precisamente). Ao que parece foi criada uma mecânica em que as pessoas deveriam levar um livro, previamente, à biblioteca ou Fundação Cultural e daí ganhariam um vale para trocar por um livro no estande da Fundação. Aparentemente o fracasso da iniciativa se deu por uma falta de comunicação da mecânica da ação, visto que os visitantes estavam indo diretamente ao estande com seus livros para a troca e não puderam efetuá-la.

Tendo visitado a feira de Timbó na parte da manhã, à tarde rumei para Jaraguá do Sul. Percebo que a cidade vem se desenvolvendo culturalmente a passos largos, deixando um exemplo não só para as cidades vizinhas do vale do Itapocú, mas igualmente para Blumenau. Detalhe interessante, é que fui muito menos vezes para Jaraguá do que para Timbó. Não conheço a cidade, mas encontrei facilmente o local, que estava muito bem sinalizado por quase todo o percurso. O evento jaraguaense me pareceu consolidado. O local escolhido foi a SCAR — Sociedade Cultura Artística — usando a mesma estrutura de tendas encontrada em Timbó. Optando por vincular a feira à SCAR, ao contrário de um feira de rua na praça, por exemplo, a feira jaraguaense contou com uma estrutura de apoio que contava com mostra de filmes, exposições e gerou a aproximação do público com o espaço cultural. A disposição dos estandes em Jaraguá foi um pouco diferente da feira timboense. Mais abertos, "cercavam" um pequeno palco central (e um estande de alimentação e souveneirs, eu acho) onde aconteciam, em intervalos regulares contações de histórias. O sistema de som mantinha informados os visitantes com constância. No caso de Jaraguá, a feira pareceu ter um volume maior de crianças e literatura infantil. O acervo de livros e preços foi, no geral, similar a Timbó, pelo que me lembro. Nas duas feiras encontrei bons títulos a preços interessantes que acabei levando pra casa. Os estandes das editoras locais (ao menos me pareceram) me chamaram mais a atenção em Jaraguá do Sul do que em Timbó. Creio que alguns dos expositores estavam em ambas as feiras, o que me pareceu interessante. Jaraguá trouxe nomes de peso para a feira, mas como na minha visitação matinal, fui sem planos e não aproveitem nenhum palestra, discussão ou o que fosse. O único autor que vi circulando (lembrando que a maioria eu nem poderia identificar) foi Carlos Henrique Schroeder, que se não me falha a memória, estava organizando o evento.

Enfim, o saldo foi positivo e ambas as feiras pareceram comprovar que há espaço para esse tipo de eventos. Nos dois casos estavam bem movimentadas, encontrei carros de diferentes cidades e a estrutura me pareceu adequada. Não tenho números da feira de Timbó, mas os dados da feira jaraguaense apresentam mais de 80 mil visitantes de quase 40 cidades diferentes e mais de 60 mil livros vendidos. Dado que chama a atenção é que uma das cidades que mais visitou a feira foi justamente Blumenau. Uma cidade que carece de uma feira consistente e que parece ter público para tanto. Mas na falta da atração em sua cidade, migra para as feiras de cidades próximas, seja Jaraguá, Timbó ou Brusque.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Junho de 2013



Junho de 2013

Não tome o meu silêncio
como descaso.
Não o tome, tampouco, por um confortável não-saber.
Acima de tudo, peço,
não o tome como contrário.

Meu silêncio é apenas de embaraçosa vergonha
pelo meu silêncio.

Assim, silencio na esperança
de que em meio ao alvoroço
não ouças meu silêncio.

Sem ruído emitir,
omito
a minha voz
imito
à minha vez
o silêncio que esperava ouvir ruir.