José procurou os olhos da esposa. Do sofá da sala, pôde ver a cabeça de Graça aparecer por trás do armário da cozinha, olhos atentos, procurando os do marido. O filho, ainda calado, aguardava uma resposta.
— Então, pai, é verdade? Ele existe ou não?
Tomas percebeu a gravidade da pergunta quando a mãe se aproximou e sentou-se ao lado do pai. A última vez que tinha visto foi quando Aslan tinha ido pro céu dos hamsters. A essa altura, já se preocupava com o beta no aquário. Será que deus também lembrou de um céu para os peixes?
— Olha, filho — o pai começou enquanto a mãe o sentou entre os dois, no sofá — o que você acha?
— Eu não sei — por que os pais sempre respondem uma pergunta com outra? — eu acho que sim, mas o Pedro disse que não. Que os pais só contam isso pra gente se comportar ou ficar feliz.
— Bem, filho — a mãe começou, trocando um olhar com o pai — de um jeito, o Pedro até tem razão...
— Mas como tem razão? Papai Noel não existe mesmo?
— Na verdade não, Tomas. — o pai reforçou.
— Mas quando eu me comportei e pedi uma bicicleta ele me deu...
— Pois é, filhinho — a mãe retomou — a bicicleta foi a mamãe e o papai que compraram e deixaram embaixo da árvore. Um presente porque a gente ama muito você.
— Então tudo que eu pedi pro Papai Noel...
— Olha, Tomas — o pai interveio novamente — você já tá ficando grandinho e acho que já pode entender. Papai Noel é tipo um faz-de-conta, uma história bonita pra quando a gente é criança. Na verdade ele não existe mas é uma fantasia bonita pra gente acreditar, entendeu?
— Mas... se não tem Papai Noel, como é que tem Natal?
— Não, não é isso, Tomas. E Natal, na verdade, não tem nada a ver com Papai Noel. Natal é o nascimento do filho de Deus.
— Falando nisso, querida, é bom a gente ir andando se não quiser se atrasar pra missa.
— Ah, não! Eu não quero ir pra missa de novo!
— Vamos, Tomas. Se comporta que papai do céu tá vendo.
quinta-feira, 26 de março de 2009
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2 comentários:
Postado há pouco para a disputa da rodada do Duelo de Escritores. As coisas estão começando a se acalmar por aqui e em breve volto a postar outras coisas.
Ca-ra-lho! (muitas palavras não diriam o que houve comigo agora, por isso preferi a silabada ali).
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