quinta-feira, 15 de outubro de 2009

À Mainha Morta

eu rio
do rio

pruquê
o rio tá na vala, mainha

padinho diz
que quâno rio inchê
vai dá di vê meu riflexo

mas já dá, padinho
que o rio é marrom e rachado
qui nem minha cara di sertão

até meus óio verve mais água qu'esse rio

eu cuspo
pelo buraco onde tinha um dente
pra vê se o rio enche di novo

ai di mim, mainha

o poço secô
tu já morreu
painho sumiu

padin diz que foi pro rio

mas eu tô no rio
e
o rio secô
o rio rachô
e painho não tá
no rio, mainha

'que o rio tá seco
e velho
que nem eu
vazio

2 comentários:

Rodrigo Oliveira disse...

Depois de tanta prosa seguida com as narrativas do Cirella, toma dois seguidos em verso, agora.

Anônimo disse...

Posso dizer que não gostei, que me senti mal?

;~

;*