sexta-feira, 26 de junho de 2009

Do fracasso de "Imaculado" - Parte II

Retomando o post anterior, o Fábio, nos comentários, chegou no que eu queria com o texto. A ideia inicial era, realmente, tornar a mancha no pescoço dele imaginária. Fruto de uma culpa, como a mancha de sangue de uma Lady Macbeth de calças. Com essa referência em mente, algumas decisões foram rapidamente tomadas. A primeira, que todo mundo percebeu, foi ao estilo. Tentei forçar o texto a fugir do meu estilo - a minha mais puxando pro clássico - e tentei uma pegada mais contemporânea, tentando deixar mais o mind flow dirigir a narrativa em primeira pessoa (outra coisa q normalmente nao faço tanto). Distanciando o estilo do clássico, eu pretendia jogar o texto pro outro oposto, mantendo distante do cânone (e por consequencia de qq referencia direta a shakespeare). a ideia era fazer o texto menos classico ou rebuscado estilisticamento possível, num contraponto à referência de Macbeth. Daí tb a quase falta de diálogos e a inexistência de travessões. Claro, pra um texto escrito em poucas horas de madrugada e com uns chopes na cabeça, eu não podia esperar mto, mas obviamente, foi ainda pior. Talvez, pensado em rever o texto, se ele for, em algo, ainda válido para isso, eu deveria ter apresentado a culpa dele bem antes do personagem, logo no início do texto. talvez trazer alguma cena da festa, que talvez sugerisse mas nao deixasse claro se ele teria ou não um chupão. talvez uma conversa ou piada sobre isso justificaria, associado à culpa, que a mente dele criasse essa ilusão, que acabou ficando gratuita. Algo que poderia trazer volta e meia esse reflexo de culpa seria a lembrança ou a interferência, de alguma forma de Beth, avivando isso no texto.

A referência com a obra de Shakespeare deveria provavelmente aparecer de forma velada em alguns pontos, para sustentar uma comparação leve. Os nomes seguidos "marco/beth" foram mais um easter egg q um recurso literário (texto fraco nisso, diga-se). Provalvemento com mais alguns recursos ligando um texto ao outro, isso até poderia funcionar. E claro, a referência não era em si a obra Macbeth, mas à cena I do ato V mais especificamente, onde Lady Macbeth, sonâmbula, esfregava as mãos à lavá-las de um sangue inexistente que não desaparecia. Ali estava a mancha de Lady Macbeth. A minha, deveria estar num guardanapo do Butiquin. E era de chope.

Não devo retomar mto isso aqui, visto que não acho q seja algo que realmente valha. É mais para retornar a postar algo aqui e quem sabe, com o ritmo, retornem tb os textos que valham os bytes que os abrigam. Mas já estamos nós aqui e pra não perder a visita, nao custa peguntar: e vc, onde acha q o texto se perdeu? Q recursos o teriam salvo? Bom, me vou e deixo de manchar esses pixels por hora.

5 comentários:

Fábio Ricardo disse...

antes de discutir tudo isso, só quero dizer: porra, um blog q finalmente faz sentido. pq antes, como armazém de textos do duelo, isso aqui nao valia a leitura.

voltando e discutindo cada texto em si, acabasse de criar um espaço válido e de aprendizado.

já na questão literaria, acho que referencias escondidas se fariam uteis, para linkar o shakesperiano com esse texto aqui... tá certo q nao captei o "marco/beth", foi vacilo meu...
mas talvez mais algo que conectasse as duas historias (e nao soh o nome da obra) ajudasse mais.

costadessouza disse...

parabéns pelas reflexões. Essa proposta é bem interessante pra um blog. Acabamos nos encontrando em momentos smeelhantes, aqui e no Texto Decorado.
Gostie muito de ler O imaculado. Gosto desse mind flow a que te referes e é bom ver que podes usá-lo com naturalidade. No final eu fiquei boiando também, mas aco que acrescentar bem no finalzinho uma consulta do próprio Marcos ao espelho, notando algo diferente no lugar da mancha, poderia tanto resolver a questão de que ela é imaginária como também levantar uma dúvida. Em lugar da mancha poderia estar alguma coisa que lembrasse a estada com Beth no chuveiro, ou talvez a mancha tivesse mudado de lugar. Deixaria o texto em aberto, o que também pe contemporâneo, mas justificaria os acontecimentos anteriores. Enfim, se ao menos não tivesse mancha nenhuma já resolveria a história.

abraço.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marina Melz disse...

Então. Não lembro se cheguei a comentar isso no Duelo, mas eu achei a idéia do texto legal. Talvez se fosse trabalhada num estilo mais Rodriguesco, a coisa funcionaria melhor - ou não, não sei. Mas a idéia da marca ser culpa dele é boa, não acho descartável.

Sílvia Mendes disse...

Não li os comentários lá no Duelo, faz tempo que não passo por lá (vida corrida), mas curti muito o texto, talvez porque curta Shakespeare e tenha feito o link com Macbeth logo no início. Tenho a impressão de que curtiria de qualquer jeito, mas enfim. Vou passar lá do Duelo e ver o que as pessoas comentaram. Abraço.