Chega a dama
de pincel na mão.
Quadro estranho,
nunca viu tal formão.
De arte, não dá bandeira.
— Não dá, Bandeira!
Não dá.
Arte?
Articulação.
Arte?
Manha.
Chega a dama toda prosa
É ela a dama do verso?
É ela dama diversa.
Atuar, atua; bem se diga.
Só não no palco, que prefere os bastidores.
Apaga-se a ribalta,
desafina a canção,
ao ver a dama de pincel na mão.
Eis a dama acenando um papel.
Há Letras lá; mas só lá, pois então!
— Abana mais forte, pra espantar a poeira!
Muito tempo parado, acumulou pó da prateleira.
Pintou assim, meio do nada.
Como uma pincelada mal feita,
como obra rasurada.
— Basta, poeta. Já não há o que fazer.
— Muito o há, mas será que vai acontecer?
Arte?
Artimanha.
Arte?
Articulação.
Sobrou a esperança
do erro,
de não repetir-se o refrão.
Espero a dama
Calar-me então.
Terá seu ato diferente bordão?
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
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12 comentários:
Ou não lembro ou esqueci mesmo ou fiz questão de esquecer ao ler, mas é difícil te ver em versos. Gostei dos jogos com a arte. Gostei, sobretudo, do ritmo diverso. Abraço!
"A Dama da Arte", disse hoje um título infeliz de jornal.
Mas graças a esse título (e à reportagem, essa sim primorosa, da Wania) pensei desde o começo do poema na coitada da Marlene Schlindwein.
E ri da situação com teus versos.
Abraço
É Rodrigo, mas temo estar certo o poeta. Se antes estávamos órfãos, agora não sei o que nos resta. Resta?
Para aqueles que chegam aqui e não são de Blumenau, e estão procurando por uma contextualização, dêem uma lida neste post do Costadessouza: http://costadessouza.wordpress.com/2009/02/05/carissima-dona-schlindwein/
Mesmo o que são daqui. Só me dei conta de quando li, à noite, o texto da Mona.
poema interessante, diferente, gostei!
abs
Jardim
Roubei o texto pra colar no Falações. Com fonte, claro. Aliás, muitas fontes: peguei tudo quanto havia sido escrito a respeito - e que eu cheguei a ler - e pus por lá.
Abraço.
eu nao curto muito poesia não. Sou tipo uma Dona Marlene, digamos assim, hehe.;
Mas achei que as brincadeiras com a arte e a manha ficaram ótimas.
Tenho que te ler mais, meu caro.
:)
abraço!
Opa, boa surpresa encontrar vc por aqui, rapaz. Apareça sempre. abraço!
bacana, Rodrigo.
saudade dos encontros da pós.
beijos
Carol! boas horas felizes aquelas, realmente.
Beijo!
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